A MENINA E O VENTO

A menina e o vento

Era sempre assim:
Quando criança, nos meses de outubro,
Fortes ventos faziam visita naquele vilarejo

E a menina se deliciava
Colocava seu vestido rodado,
Soltava os cabelos
E corria lá no alto do morro

De braços abertos, olhos fechados
Sentia toda aquela vibração
O vento lhe contava histórias
De lugares longínquos
Que antes passara
Ela se deliciava, rodava, dançava
E o vento assoviava

Voltava para casa com os olhos brilhando
E sua mãe perguntava:
- Onde esteve menina?
- Fui ouvir histórias do vento.
A mãe balançava a cabeça:
- Quando casar sara!

E a menina cresceu, casou.
E quando o vento chegava, ela dizia:
- Venha minha filha, ouça o vento!
E, ao contrário do que sua mãe pensava,
O vento nunca a abandonara.

*texto para o tema da quinzena dos Anjos de Prata, revisão de Géber Accioly.
*Ilustração parte do livro: I Antologia dos Anjos Caídos, por Jonas Pescatore.