quarta-feira, outubro 11

VIAGEM

No final da semana passada resolvi largar tudo: casa, filhos, gatos, cachorros, problemas, etc..., pegar o carro e cair na estrada. Pela primeira vez na vida iria andar por estradas desconhecidas – mares nunca dantes navegados (com a licença de Camões ) - e sozinha!

Isso até pode parecer normal para a maioria das pessoas, que acham completamente normal viajar daqui para ali a todo instante, mas não para a Vera Vilela, que vive escondida em sua fortaleza, odiando ter que sair até o centro da cidade, ou qualquer outro canto longe de seus domínios.

O principal disso tudo é a maneira como a idéia surgiu e se concretizou, assim sem mais nem menos, sem planejamento. E outra coisa: não houve ninguém para dizer: - Você não pode, você não consegue! Isso faz toda a diferença.

E assim foi! Fiz uma completa verificação do carro, sem neuras, arrumei malas, um pacote de batatinha “chips”, água geladinha, frutas, meu porta-CDs e deixei o porto.

Na primeira parte da viagem passei por lugares já conhecidos, o que me deu uma certa segurança, com os quilômetros passando as paisagens foram se modificando, os horríveis canaviais foram ficando para trás dando lugar a novos horizontes. Alguns pastos, algumas plantações, animais, etc.

Novas cidades passavam ao longe e uma grande vontade em entrar e conhecer cada uma delas, ver novas pessoas, respirar novos ares.

A delícia de estar na estrada e sentir o respeito dos motoristas, dos caminhoneiros, enfim, tudo funcionando perfeitamente. Pensei comigo: - Assim é fácil demais! E foi. Será que aquelas horríveis viagens do passado junto a família, cheias de gritos, broncas, brecadas, eram culpa do condutor?

O som dando fundo musical para a aventura, todas escolhidas com carinho e que me deram muita satisfação. Tudo o que eu precisaria estava ali, à mão. Como uma astronauta em sua nave.

Eu poderia dirigir durante todo o dia com muito prazer, mas é preciso respeitar nossos limites e da máquina que conduzimos, nesse caso o meu “Pequeno Bebê Foguetinho”, como chamo a meu carro. Por isso resolvi fazer duas paradas, esticar as pernas, os braços e tomar um café.

E assim foi. E assim fui. E assim voltei.

Andei em novas estradas, conheci novas pessoas, visitei amigos, respirei novos ares, vi um novo céu e a noite para não me sentir assim tão longe de casa, tive a companhia da minha antiga amiga Lua Cheia.

Daqui pra frente não haverá mais distâncias que sejam obstáculos, apenas estradas que aproximam! Esta foi minha conclusão pós viagem.

(crônica publicada no PANORAMA em 10/10/2006)

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