sábado, julho 29

AUSÊNCIA


AUSÊNCIA
Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
braços, que rio e danço e invento
exclamações alegres, porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

*imagem - Saboreia-me a pele de Paulo Cesar Guerra


Um comentário:

parla marieta disse...

Sempre encontrando o poema certo para cada momento.
Essa é a Vera Luz.