VENENO PRA TODO LADO - DESAFIO

VENENO PRA TODO LADO - DESAFIO
Vera Vilela e Márcia Ribeiro


Fui plantá bóbra nu matu
Jararaca me picô
A coitada caiu mortinha
C’u veneno que chupô.

Vera


No enterro da coitada
Foi bem grande o falatório
A bicharada se espantou
Com tua presença no velório

Márcia


O que fiz foi sem mardade
Todos comigo vão concordá
Se sabia que meu sangue matava
Eu dava era pro cê tomá.

Vera


Do teu sangue é que não bebo
Não dianta me afrontá
Eu sei de uns segredo
Pro teu veneno espantá

Márcia


Procê meu sangue num dô
Porque de nada vai adiantá
Minha véia vózinha já dizia
Praga ruim giada num vai matá.

Vera


Sua avó é muié sábia
Mas agora ela falhô
Foi com um beijo seu com força
Que a vózinha infartô

Márcia


Agora ocê me ofende
O Marcinha descarada
Num fala ânssim da vovózinha
Qui eu me ficu magüada.
Pois foi de pura emoção
Que a véinha bateu as bóta
Dispois de um bejo meu
Foi pra viagi sem vórta.

Vera


Foi viajá sem vórta?
Pois fez ela muito bem
A coitada era só sofrimento
Com a netinha que tem
Arrespeite sua alma
Pelo menos isso eu peço
Cuido dela só cum réza
E esforços eu nem meço

Márcia


A história da vovó
Agora eu vô isqueçe
Tenho um causu pra contá
Qui fais a terra tremê
Mais pió foi vóismicê
Qui feis a família sê disunida
Feiz uma canja di galinha
I temperô com formicida.

Vera


Vosmicê tá faladeira
Tá contandu o que num sabe
Na cozinha sou festeira
Boto até o que num cabe
O tempero que usei
Foi só punhado de amor
Num tenho culpa se a sinhora
Da minha canja num provô

Marcia


Num sô doida saí di banda
Eu num próvu do seu prato
Era arroz cum carni seca
Mas a carni era de rato
A sobremesa então nem digo
Bunito bolo bem amarelo
Mas de fubá só tinha a cor
Era feito de farelo.

Vera


A cumadi tá cismada
Cum coisa pouca e tal
Mas num foi minha receita
Que desandô o seu mingau
Umas bolinhas, quase grito
Não comam minhas crianças
Isso é cocô de cabrito

Márcia


Isso é coisa de maluca
Misturá cocô na comida
Só podi mesmo vir
De uma doida varrida
Inda bem que amigassua eu sô
Sinão ti mandava pro Pinéu
Mas pra você só do frô
E palavras feita di mel.

Vera