E por falar em respostas imediatas de origem divina, vivenciei um fato extraordinário. A Escola de Música de Brasília é muito procurada e devido a este fato as matrículas são feitas mediante sorteios. Como se diz em Minas a fruta é pouca e os macacos tantos. Um dos meus filhos era um dos dois mil candidatos concorrentes a uma das vinte vagas. Para concorrer deveria ter sido feita uma inscrição. Como sempre madrugamos em busca do melhor a pouco custo por nossos filhos, obtive a inscrição número UM. No dia do sorteio lá fomos nós, o casal, assistir o referido, pois as matrículas ocorreriam imediatamente e só concorreriam os presentes. Chegamos em cima da hora, não sei porquê, e o anfiteatro já estava superlotado. Ficamos mal acomodados e quando pude avistar as caixinhas com os papelotes das inscrições comecei a suspeitar da lisura do sorteio. Comentei baixinho com minha esposa que aquilo era só pra inglês ver. As vagas, a meu ver, já estavam predeterminadas, aquilo tudo era teatro e mutreta. A “coitada” de minha mulher mais que depressa fechou os olhos, entrelaçou os dedos e começou baixinho uma oração mais ou menos assim: “Minha mãezinha, por favor, me mostre que este sorteio é honesto. Eu preciso acreditar nos homens. São tantas decepções que preciso reaquecer minha fé. Com as tuas poderosas mãos orientai as mãos dos dirigentes desta escola. Mostre me sua caridade e conceda-me este favor...” Se alguém me observasse veria que me encontrava sem jeito, pois gosto muito de oração reservada e ali não era local para isto. Qualquer um por perto poderia ouvi-la. Inclusive Nossa Senhora, pois foi o que aconteceu. A primeira inscrição sorteada foi a de número UM. O auditório ficou de pé aplaudindo a grande coincidência. Minha esposa caminhava entre lágrimas dizendo que era seu filho. Eu também ia junto, morrendo de vergonha de mim mesmo e minhas suspeitas. Valeu, mãezinha, meu filho acabou por não estudar naquela escola, mas a lição eu aprendi e jamais esquecerei.
2 comentários:
A MÃO DE NOSSA SENHORA
E por falar em respostas imediatas de origem divina, vivenciei um fato extraordinário. A Escola de Música de Brasília é muito procurada e devido a este fato as matrículas são feitas mediante sorteios. Como se diz em Minas a fruta é pouca e os macacos tantos. Um dos meus filhos era um dos dois mil candidatos concorrentes a uma das vinte vagas. Para concorrer deveria ter sido feita uma inscrição. Como sempre madrugamos em busca do melhor a pouco custo por nossos filhos, obtive a inscrição número UM. No dia do sorteio lá fomos nós, o casal, assistir o referido, pois as matrículas ocorreriam imediatamente e só concorreriam os presentes. Chegamos em cima da hora, não sei porquê, e o anfiteatro já estava superlotado. Ficamos mal acomodados e quando pude avistar as caixinhas com os papelotes das inscrições comecei a suspeitar da lisura do sorteio. Comentei baixinho com minha esposa que aquilo era só pra inglês ver. As vagas, a meu ver, já estavam predeterminadas, aquilo tudo era teatro e mutreta. A “coitada” de minha mulher mais que depressa fechou os olhos, entrelaçou os dedos e começou baixinho uma oração mais ou menos assim: “Minha mãezinha, por favor, me mostre que este sorteio é honesto. Eu preciso acreditar nos homens. São tantas decepções que preciso reaquecer minha fé. Com as tuas poderosas mãos orientai as mãos dos dirigentes desta escola. Mostre me sua caridade e conceda-me este favor...” Se alguém me observasse veria que me encontrava sem jeito, pois gosto muito de oração reservada e ali não era local para isto. Qualquer um por perto poderia ouvi-la. Inclusive Nossa Senhora, pois foi o que aconteceu. A primeira inscrição sorteada foi a de número UM. O auditório ficou de pé aplaudindo a grande coincidência. Minha esposa caminhava entre lágrimas dizendo que era seu filho. Eu também ia junto, morrendo de vergonha de mim mesmo e minhas suspeitas. Valeu, mãezinha, meu filho acabou por não estudar naquela escola, mas a lição eu aprendi e jamais esquecerei.
Linda imagem!!!!!!!!!!!!!
Belo texto!!!!!!!!!!
Bjs pros dois!!!!
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