domingo, janeiro 21

TUDO OU NADA


TUDO OU NADA
Vera Vilela

Sou a água para o momento de sede
O resto de comida dada ao pedinte
O analgésico para a dor de cabeça
A mão na hora da queda
O latido do cão na hora do assalto
A faca afiada para o churrasco
A lanterna na escuridão
O médico na doença
O vento no calor
A calmaria na tempestade
A chuva na seca

Sou tudo isso, e não sou nada
Vivo escondida no fundo do armário
Esperando meu momento

Queria ser apenas:
O ar que se respira
A água do rio
As ondas do mar
O Sol que aquece
A boca que fala
Os olhos que enxergam
A roupa que veste
O alimento que sustenta
A língua que saboreia
O amor necessário

Aí sim, seria algo
Estaria sempre presente
Seria tudo, seria... seria!

Um comentário:

parla marieta disse...

Tudo lindo e encantador. Obrrigada por juntar-me à eles.
Fechou com chave de ouro.
:o))