domingo, janeiro 28

UMA HISTÓRIA DE AMOR

UMA HISTÓRIA DE AMOR
Vera Vilela

Estava eu mais uma vez no meu Café preferido em companhia de minhas colegas de trabalho. Todos os dias após o almoço passávamos lá, no mesmo lugar para tomar nosso cafezinho.

Como sempre nos últimos dez dias um homem me chama a atenção do outro lado do balcão. Um rapaz de seus 30 e poucos anos, sempre com seu traje impecável; terno e gravata, cabelos negros lisos e brilhantes, olhos também negros, profundos e provocantes - um homem realmente bonito, sedutor e apaixonante.

Tomamos nosso rápido café e saímos. Tive uma noite muito agitada, sonhei com o rapaz do café, estávamos fazendo amor. Acordei super animada e coloquei uma roupa justa e provocante, saia vermelha com uma fenda ao lado e blusa branca bem decotada e com babados, estava bonita reconheço.

Cheguei ao escritório como sempre antes do horário e fiquei aguardando ansiosamente meu horário de almoço para rever o homem do meu sonho. Finalmente olho no relógio e vejo que faltavam apenas cinco minutos para meu almoço, pareço uma adolescente, corro, arrumo a mesa e....

-Dona Beatriz, preciso que termine este trabalho para a reunião que farei logo após o almoço! E me deu uma pilha de papéis em rascunhos com pautas para a reunião. Soltei bem baixinho um “ufa”! Mas como profissional que era não poderia negar o pedido.

Consegui digitar tudo, imprimir e levar para a copiagem e encadernação em cinqüenta minutos, só me restavam uns 20 minutos para chegar ao café e ficar sem meu almoço, pois eu iria secretariar a reunião.

Cheguei correndo no Café e quando estacionava o carro via o meu príncipe sair do Café com uma cara de desapontamento e entrar em seu carro. Ele não me viu.

Entrei desolada no Café e minhas amigas logo foram avisando que meu paquera já havia saído.

Eu nem tomei meu café, peguei um pãozinho de queijo e voltei ao trabalho mastigando para matar a fome. Tive tempo apenas para escovar os dentes e ajeitar a maquiagem.

Me dirigi a reunião e já fui distribuindo os cadernos a cada um notando que uma das cadeiras estava vazia com o nome Rodrigo Alves, estava na cabeceira da mesa, oposta ao sócio majoritário da empresa.

Enquanto estava de costas assumindo meu lugar percebi que alguém entrou e se sentou no lugar vago. Levanto os olhos e instantaneamente nosso olhar se cruza, é ele, o rapaz do Café. Minhas pernas bambearam, segurei minhas coxas uma contra a outra para conter o nervosismo.

Meu chefe se levanta e pede à atenção de todos avisando:

-Sr. Rodrigo é meu sobrinho e único herdeiro, a partir de hoje tomara conta dos negócios da família, estou velho e cansado, quero aproveitar um pouco a vida.

Afrouxou um pouco a gravata e foi de um a um, dando adeus aos sócios da empresa e a mim, embora eu não tenha entendido deu uma piscadela notada pelo seu sobrinho. Ruborizei na hora.

A reunião foi rápida e assim que percebi as pessoas saindo já me enfiei no meio para sair sem ser notada, mas Sr. Rodrigo me chamou pelo nome e pediu que aguardasse.

Saindo todos, ele se dirigiu a mim e me pediu que o acompanhasse para um almoço, pois sabia que eu não tinha almoçado e ele também ainda não. Tentei ser simpática, não demonstrar meus sentimentos e o segui até seu carro.

O almoço estava marcado com antecedência em um motel bem perto do escritório, ele tramou tudo antes. Entramos e já havia música ambiente, me pegou pelos braços e me perguntou?

-Você costuma sair com seu chefe?

Eu respondi:

-Claro que não, nunca, não misturo as coisas. (indignada)

Então ele disse olhando bem dentro dos meus olhos:

-Considere-se despedida, vai ser minha mulher.

Me abraçou e começamos a dançar lentamente, eu não conseguia pronunciar uma palavra que fosse. Sentia sua excitação crescendo cada momento mais e aconteceu o inevitável.

Ficamos juntos até o dia seguinte. Tomamos um delicioso café da manhã na cama, juntos. Lamentei, mas precisava ir para meu apartamento, pois como trabalhava a semana toda tinha apenas o fim de semana para ajeitar as minhas coisas. Ele se ofereceu para me levar e nesse instante imaginei que sonho lindo eu havia vivido, mas era hora de acordar e olhar nos classificados para achar um novo emprego.

Quando chegou à portaria do meu prédio educadamente o convidei para um café e ele aceitou prontamente me causando estranheza. Subimos calados até o meu andar, só percebi que ele apertava uma mão contra a outra num nervosismo sem fim, mas eu pensava, ele não sabe como me dispensar.

Cheguei à porta do apartamento e novamente por educação o chamei para dentro, ele entrou antes, eu senti um perfume forte de rosas no ar. Quando me virei vi toda a minha sala lotada de rosas vermelhas e brancas, todo o apartamento estava florido, peguei um cartãozinho e li:

-Há muito tempo te quero e te desejo, seja minha!

E cada bilhetinho tinha um recado parecido, até que cheguei na cama e a via coberta de pétalas de rosa e com um balde, champanhe e duas taças, perto havia outro bilhete, ele o pegou me abraçou me deu um longo beijo cheio de ternura e disse, leia o bilhete, se não concordar é só me devolvê-lo e sairei sem dizer uma palavra. Abri o envelope, havia um bolsinho de veludo vermelho com um anel maravilhoso dentro e junto um bilhete escrito:

-Isto é um pedido de casamento, seu beijo em meu rosto será o seu não, e seu beijo em minha boca será o meu sim.

Olhei por instantes para aquele homem encantador, e pensei que realmente estava num sonho, aquilo não poderia ser realidade. Cheguei perto dele, segurei seu rosto com minhas mãos, ele fez o mesmo e dei um longo beijo em seu rosto. Rapidamente seus olhos brilharam e se marejaram, então dei beijo em sua testa, e depois em seus olhos, no queixo e depois fitando seus dos olhos encostei meus lábios aos seus e me entreguei a toda a sua paixão.

Foi então um fim de semana todinho de amor, paixão e tesão, uma história de amor que ainda não teve fim.

*Imagem by Alan Ayers

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